La ciudad viva: – HORTAS URBANAS EM OCUPAÇÕES SEM-TETO

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Aparecida en la revista Piel de Leopardo, integrada a este portal.

«Uma sociedade ecológica deve ser não-hierárquica e sem classes, deve eliminar o conceito de domínio da natureza. […] Uma sociedade ecológica pressupõe formas participativas de base, comunitárias, que tal política se propõe realizar no futuro. A ecologia não é nada se não se ocupar do modo como interagem as formas de vida para construir e se desenvolver como comunidades…»

Murray Bookchin

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Por meio da promoção de reuniões temáticas, mutirões e visitas de acompanhamento incentivam-se os moradores ao aproveitamento do espaço da ocupação com atividades agrícolas, desde a formação de hortas comunitárias e individuais até o plantio de temperos e plantas medicinais em vasos, potes e baldes.

Em meio às discussões sobre agricultura urbana, os moradores praticam a construção coletiva do conhecimento acerca de conceitos de segurança alimentar, saúde através da natureza, melhoria das condições de vida, autogestão e agroecologia.

Como parte da política da FARJ de apoio às Ocupações, o trabalho do Núcleo de Alimentação e Saúde Germinal nessas comunidades consiste em apoiar as experiências em agricultura já existentes (resgatando-as) e estimular o surgimento de novas.

O trabalho foi realizado nas Ocupações Vila da Conquista e Poeta Xynayba, tendo como principais atividades a orientação técnica aos agricultores, providenciar ferramentas, sementes e mudas, insumos, análises de solo e estimular a organização autônoma e o desenvolvimento da solidariedade entre as ocupações, viabilizando espaços para aproximação dos mesmos (possibilitando trocas de experiências). Periodicamente, o Germinal realiza visitas de acompanhamento às hortas e às experiências dos moradores, auxiliando-os na medida do possível. Cogita-se a ampliação das atividades para outras ocupações em um futuro próximo.

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O trabalho do núcleo na ocupação Vila da Conquista

A ocupação Vila da Conquista localiza-se em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio de Janeiro. A partir do convite dos moradores, foi realizada em dezembro de 2004 uma assembléia onde foi discutida a construção de uma horta comunitária no terreno da associação de moradores. A partir deste primeiro contato, o Núcleo de Alimentação e Saúde Germinal decidiu incorporar às suas atividades o apoio às hortas nas ocupações.

Em janeiro de 2005 realizou-se uma reunião na Ocupação Vila da Conquista com os moradores interessados. Neste dia foi feita uma visita à casa do Sr. Ademar, um dos moradores que já realizava experiências com agricultura em seus quintais, para trocas de experiências e obtenção de mudas, sementes e material propagativo para os outros moradores. Ficou decidido que haveria um mutirão de implantação da horta em fevereiro, em que participaram aproximadamente dez pessoas, entre adultos e crianças moradores e visitantes.

O local escolhido apresentava restos de entulho e madeiras, além de duas touceiras de bananeira não manejadas, sendo a vegetação predominante o “capim barbante”. Após a limpeza do terreno, foram realizadas as seguintes atividades: construção de cerca e portão com material disponível (“pallets” e câmaras de ar de pneus descartados), preparação de canteiro colado à cerca para o plantio de plantas medicinais diversas, plantio de mudas de bananeiras, capim-limão, boldo, feijão-de-corda e mudas de árvores junto à cerca, além da preparação de mais dois canteiros para plantio de quiabo.

As realizações na ocupação Poeta Xynayba

A ocupação Poeta Xynayba localiza-se na Tijuca, próxima ao Centro do Rio de Janeiro. Também a partir do convite dos moradores, foi realizada no dia 1ºde março de 2006 uma reunião em que os mesmos expuseram suas experiências com a agricultura, seguidas de discussão e exibição do vídeo “Agricultura urbana”, de autoria da ONG AS-PTA. Decidiu-se que, periodicamente, o Núcleo realizaria oficinas de plantio em recipientes na frente das casas dos moradores.

Até o presente momento já foram realizadas três visitas, e o Núcleo forneceu aos moradores sementes e mudas de agrião, rúcula, salsa, cebolinha, medicinais diversas, entre outras, que foram plantadas em latas de óleo de 20 litros reaproveitadas (doadas por um restaurante local).

Também se decidiu pela utilização de uma grande área abandonada, situada próxima às casas, que já estava se tornando depósito de lixo. Como a área estava coberta com capim-colonião, foi realizado mutirão de capina seguido de plantio de sementes de adubos verdes, visando uma melhoria da fertilidade do solo e o controle do capim-colonião. Essa área está destinada ao plantio de culturas anuais e perenes, frutíferas e muitas flores, visto que o embelezamento do local é estratégico para uma melhoria das relações sociais com os moradores dos prédios vizinhos.

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Por que defendemos as hortas comunitárias?

As atividades de horta, além de proporcionarem aos moradores uma redução nos gastos com alimentação, o acesso a um alimento saudável e de qualidade e uma atividade terapêutica, têm valorizado o conhecimento popular, fruto das interpretações do meio ambiente pelos povos tradicionais (conhecimento este herdado das gerações anteriores pelos moradores), fortalecendo a luta pela moradia.

Desse modo, tenta-se trazer à tona uma relação homem-natureza mais sustentável, em que o ser humano volte a fazer parte do meio, interagindo com o arredor, ao invés de tentar subjugar o planeta ao seu arbítrio.

Há a construção de um outro conceito acerca da propriedade, onde são mais valorizados o apoio mútuo, a solidariedade, a harmonia e a boa convivência do que as relações comerciais, estabelecendo relações afetivas duradouras entre os participantes.

Os mutirões têm como pilar a autogestão, em que cada um contribui com o que lhe é possível, sendo que todos participam plenamente das tomadas de decisão, deliberando tudo aquilo que lhes diz respeito. Em todos os momentos é realizada a construção e transmissão do conhecimento, através do aprendizado mútuo entre os participantes. Essa forma de organização autônoma e permanente garante a ampla participação democrática das pessoas e famílias envolvidas, transformando essa população excluída em agentes de sua própria história.

Bibliografia

* AS-PTA. Agricultura urbana: ensaio exploratório e pequeno mosaico de experiências.

Acesso em: 14 julho 2006. Disponível em: aquí.

* MSTC. O que é o MSTC?. Acesso em: 16 julho 2006. Disponível em: aquí.

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* Editorial. O que é mutirão?. Jornal O Mutirão, Rio de Janeiro, mar. 1993.Nº 1, pág 2.

* CORREA, Felipe. Ocupações urbanas. Protesta!, São Paulo, n. 2, p. 16-17, ago. 2005.

* BOOKCHIN, Murray. Sociobiologia ou ecologia social?. Rio de Janeiro: Achiamé, 2004. 42 p.

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* Federação Anarquista do Rio de Janeiro.

Aporte de Moésio Rebouças (moesioreboucas@yahoo.com.br), recogido en Urtica (urtica@listas.nodo50.org).

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