Claudia Jardim*

HH, como ficou conhecido Veloza, também reconheceu que morreram mais inocentes que culpados. "Mas assim é a guerra", afirmou em entrevista ao jornal colombiano El Espectador publicada neste domingo. "Matamos muita gente só pelo fato de que eram apontadas", em referência às pessoas que são identificadas como colaboradores ou simpatizantes das guerrilhas colombianas.
Massacres
O paramilitar ingressou no controvertido programa de desmobilização encabeçado pelo governo de Álvaro Uribe, mas perdeu sua condição de "desmobilizado" quando fugiu e teria reingressado aos cartéis armados. Agora, encontra-se preso e aguarda o andamento de seu processo de extradição aos Estados Unidos para ali ser julgado pelo crime de narcotráfico.
O ex-chefe paramilitar revelou também que o grupo atuava em cumplicidade com as autoridades locais para promover os assassinatos." Em Urabá, quando começamos, deixávamos os corpos onde as pessoas eram mortas", relata. "Depois de um tempo o poder público começou a pressionar e (disseram) que nos deixariam continuar trabalhando, mas tínhamos que desaparecer com as pessoas. Assim começaram a surgir as fossas comuns", afirmou.
"Assassinávamos pessoas todos os dias, em todos os municípios de Urabá", acrescentou. Foram nestes mesmos departamentos (estados) de Córdoba e Urabá que se constituíram em 1998, sob o auspício do Estado colombiano, as AUC com o objetivo de combater as guerrilhas FARC e ELN.
Parapolítica

Mais de 60 congressistas da base governista de Álvaro Uribe estão sendo investigados pela Corte Suprema de Justiça e pelo Ministério Público colombiano por vínculos com paramilitares. Deste grupo de parlamentares, 30 já foram condenados e estão na cadeia.
O escândalo da parapolítica ocorre em meio a uma tentativa de reforma do Judiciário que visa implementar a "imunidade parlamentar" na atual legislatura, fato que na opinião de analistas poderia coibir o julgamento de outros envolvidos com paramilitares.
Ainda na entrevista, o ex-chefe paramilitar HH afirmou que, com sua extradição e a de outros chefes da extrema-direita armada para os Estados Unidos, as vítimas "ficarão sem as verdades". "Uma guerra tão longa e tão atroz não se conta em um mês ou dois meses. Há gente que diz que a verdade não está sendo contada", disse. HH revelou que "há muitos militares que estão incomodados" em referência as possíveis declarações dos ex-chefes paramilitares que estão presos.
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