Bolívar derrotou Monroe

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Editorial de Brasil de Fato

  O dia 23 de fevereiro entrará para a história das articulações dos governos e povos latino-americanos. A realização de uma exitosa conferência continental com a participação de 33 chefes de estados, de todos os países, excluídos Canadá e Estados Unidos, marcou o fi m político da Organização dos Estados Americanos (OEA), e o início de uma nova etapa de integração política apenas entre os latino-americanos, por meio da fundação da Comunidade de Estados Latino-americanos e do Caribe (Celac).

Um pouco de história
Em 30 de abril de 1948, nos marcos da hegemonia militar e política dos Estados Unidos sobre a América Latina, e no clima da recém-instalada guerra fria contra os governos socialistas do Leste e as forças populares
de nossos países, realizou-se a fundação da OEA. Participaram da conferência de fundação 21 países de todo o continente, todos subordinados aos interesses do império do Norte.

O objetivo era claro: ter um mecanismo jurídico que permitisse subordinar os governos da América Latina e Caribe aos interesses do capital norte-americano. E aplicar na prática a teoria de Monroe: “A América para os americanos”… do norte

E assim se fez. O governo dos Estados Unidos transformou a OEA e os governos subalternos em títeres de seus interesses. E quem saísse da linha era punido. Usaram a OEA, ao longo dessas décadas, para justificar golpes e intervenções em quase todos os países: desde 1954, na Guatemala; 1965, na República Dominicana;
e os vários golpes militares na década de 1970.

Em 1962 expulsaram Cuba da organização após a revolução ter se declarado socialista! Mais recentemente, lembrem-se, um representante da OEA foi o primeiro a se dirigir ao golpista Pedro Carmona como presidente, no golpe de 11 de abril de 2002 na Venezuela. Em 2009, os esforços da OEA para impedir a continuidade do golpe de Honduras foram ridículos.Todos sabiam que o complexo industrial-militar dos Estados Unidos havia dado o golpe.

  Paralelamente a essa conferência e articulação institucional dos estados latino-americanos, segue também a construção de uma articulação mais política e de integração popular, que é a Alba. A Aliança Bolivariana dos Povos das Américas recupera o espírito de Bolívar, Martí, Mariátegui, Che Guevara, Allende, Marighella, Prestes, Jacob Arbenz, Haydee Santamaría e tantos outros, de construirmos uma grande pátria latino-americana.

Uma pátria com um povo e território unidos, integrados na complementariedade de suas riquezas naturais, de sua força de trabalho, de sua cultura, no esforço conjunto de construir sociedades mais justas, igualitárias e fraternas. Onde a prioridade sejam as pessoas, a justiça social, em vez do lucro e da ganância.

Longo caminho teremos pela frente na construção da Alba e da Celac, mas pelo menos já poderemos comemorar uma pequena vitória: Bolívar derrotou a teoria de Monroe, pelo menos na diplomacia.

 

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