LA UTOPÍA SE HACE, NO SE SUEÑA
Como decía uno de los Flores Magón:
A liberdade não se conquista de joelhos, mas de pé!
Escolha Política
Tema forte da campanha eleitoral de 2001, defendida pelo dirigente local da UMP Jean-François Mayet (localmente conhecido como multi-concessionário Mercedes!), a gratuidade dos transportes fez seu caminho no espírito dos habitantes da cidade. Inferindo sobre a “desertificação” do centro da cidade e a fraca taxa de mobilidade de seus cidadãos, o novo prefeito decidiu modificar os modos de deslocamento e, desta forma, a vida da cidade.
PS e os Verdes criticaram fortemente o projeto da gratuidade, como também os ecologistas que terminaram por reconhecer “que se deixaram contaminar as idéias pela direita”. O antigo prefeito do PS ganhou um processo contra a prefeitura –esta não quebrando seu contrato com a sociedade exploradora da passagem à gratuidade– colocando em causa assim o princípio da gratuidade.
Remanejamento da rede e das vias
Com o inicio da gratuidade, uma série de medidas de remanejamento das linhas de ônibus e de reorganização do centro da cidade e de seus estacionamentos sucederam-se. Châteauroux se organiza a partir de então em torno de seu centro histórico: eixos de circulação modificados de maneira a limitar o uso de veículos particulares, estacionamentos periféricos, sentido único, giradores, paradas limitadas no centro.
Ao mesmo tempo, a rede de ônibus, reorganizada, efetua uma melhor saída dos bairros populares. Três veículos asseguram agora o encaminhamento das pessoas dos estacionamentos periféricos e das paradas de ônibus até o hiper-centro para evitar engarrafamentos pelos “grandes ônibus”. Para as pessoas isoladas que querem fazer uso desses veículos de ligação, um ônibus à demanda Liberty Bus foi criado, serviço gratuito acessível por telefone.
Desde setembro de 2002, duas linhas periféricas suplementares foram adicionadas ao circuito durante os períodos escolares: o “ônibus escolar”, gratuito, bem entendido.
Popularidade da nova rede
Em um ano, a utilização aumentou em 76% (2,7 milhões de viagens em 2002 contra 1,5 milhões em 2001). Este aumento fez-se sentir essencialmente entre as pessoas pobres (desempregados, trabalhadores, pessoas idosas e jovens dos bairros populares) modificando seus hábitos de utilização da nova rede. 20% dos passageiros se declararam “novos usuários dos transportes públicos”.
A perda de receitas até a gratuidade foi coberta por um aumento à base do pagamento de “transport d’entreprise”: adesão de duas novas cidades e alta da taxa de 0,55 à 0,60%.
No que concerne às “cifras da insegurança”, tão utilizadas como argumentação contra a gratuidade, elas não aumentaram, os “gestos de incivilidade” estão até mesmo diminuindo. O diálogo inter-idades tornou-se inclusive uma particularidade da nova rede.
Se o aumento da freqüência deve muito à gratuidade, não se deve esquecer que ela foi ladeada por uma série de medidas populares: aumento da oferta e da qualidade do transporte aos quais os usuários locais se sentem cada vez mais ligados.
À vista do sucesso de Châteauroux, seria impressionante que as cidades menores em vias de “desertificação” não se interroguem quanto à aplicação da gratuidade dos transportes, levando a sociedade a uma verdadeira reflexão sobre o sentido e a orientação que as populações querem colocar ao serviço público.
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* Lignes Gratuites, Journal irregulier du Réseau pour l’Abolition des Transports Payants – Nº 2.