O filme Tropa de Elite. – A TRISTE E DECADENTE POLÍCIA BRASILEIRA

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Aparecida en la revista Piel de Leopardo, integrada a este portal.

O policial Nascimento (Wagner Moura), protagonista do filme, orgulhoso de pertencer ao BOPE, faz juz a sua função torturando e matando vagabundos nos morros do Rio de Janeiro, e cheio desse orgulho que supera a realidade dos filmes norte-americanos, quando vemos as bandeirinhas dos “gringos”, e nos sentimos aliviados, nos transporta a um mundo da salvação nos braços do BOPE.

O filme que hoje deixa extasiado o Brasil com seus becos, e passagens violentas denotação de um imaginário coletivo que beira a banalidade e a barbárie é um trailer de um cineasta que com um intuito até humano de mostrar o lado critico de um policial nas ruas de uma cidade perigosa (coisa já mostrada em inumeráveis filmes), entra na contradição de uma cultura da morte que não tem outra saída que mostrar o seu lado nazista.

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Não sei se foi culpa do cineasta, ou da própria sociedade brasileira retratada, mas acho que o sentimento mostrado no filme é de O BOPE é o único que pode salvar, traço nazista ou nao supera o racismo com a cor e a pobreza. Todos podem ser boas pessoas como é o caso do Matias (Andre Ramiro), e que apesar de tudo (negro), ele é tão bonzinho. Isso é bom principalmente por que no cinema brasileiro nunca se mostra policial negro como homem trabalhador e bom. Não como todos pensam que por que é negro é o pior. Mas no Brasil ser negro é coisa séria. Então aqui outro acerto do José Padilha.

Não é de hoje que falar da violência nas favelas do Rio de Janeiro dá ibope, mas é importante notar que desde de “Pixote”, filme de Hector Babenco de 1981, o Brasil vem subindo nessa decadente estatística de país violento nas mãos do narcotráfico. Violência daqui, filme de lá. E o Oscar.

Como é que se ganha o Oscar? Parece que o oscar se ganhar com técnica e bons roteiros, e disso o José Padilha não pode ser acusado de “má roteirista”. Ele é excelente. Tão excelente que não precisamos ver todas as cenas para entender o contexto do filme. Até parece novela das 8. Não é brincadeira, sem ofensas.

Com o filme Tropa de Elite, o Brasil pode entrar para a estatistica de um dos países da América Latina com mais trailer sobre este tema. Estética da Violência. Ou nao? É possivel.

Entre narcotraficantes e policiais corruptos o Brasil vai se construindo. Mas eu pergunto: E onde está o governo? Ou os governos? Se é que existe algum.

Ou será que realmente o crime organizado vai tomar conta do Rio de Janeiro, descendo pelo sertao bahiano chegando no nordeste, entrando pelo Amazonas e dai pra frente. Nossa !!! O Brasil é dos bandidos. Mas parece que sempre foi.

Bom desde de 508 anos os bandidos invadiram o Brasil, chegaram junto com o portugueses levaram toda a riqueza e deixaram sistemas de corrupção impregnados na alma do povo. De que surpresa falamos. Nenhuma.

Não existe nenhuma novidade. Brasil país pobre, de pobres, de negros, de brancos e de mulatos. De diversidade, esta diversidade que está nos morros e nas favelas, e na zona sul do Rio e de outras capitais. Será este o sinônimo de diversidade?

Mas favela é coisa importante, cada cidade tem a sua pelo menos no Brasil. O Brasil até exporta modelos, por que se durante a ditadura exportamos tantos instrumentos de tortura para o resto dos países da América Latina, hoje somos inventadores das maiores aglomerações de pobres do mundo. Pode ser, ou não?

E agora com o filme Tropa de Elite, também é uma forma de exportar modelos de corrupção para os países do nosso continente. Policial corrupto, assassino, torturador enfim policiais “limpadores de área”. Se isso pega, o Brasil tem outro modelo. Mas acho que já pegou e faz muito tempo. Desde dos tempos do Imperador, daquela monarquia portuguesa que liderada pelo Rei Dom João VI, saqueava os bens desse futuro país do futuro. E depois a consequência da decadência do império, a chegada da República e esta hipócrita burguesia brasileira que finge que aqui “não acontece nada”. Acho que é parecido com a atualidade. Nada mudou.

Aqueles garotinhos universitários da zona sul do Rio de Janeiro com carinhas “brancas e limpas”, com “olhinhos azuis” e “bem alimentados”, fumadores de “baseados” da paz e do amor, produzidos nos morros cariocas, alimentadores de um sistema de tráfico de entorpecentes que reclamam da violência e da criminalidade nas “Aulas” do poder das universidades dessa cidade do terror e da impunidade.

José Padilha reorganiza a sociedade brasileira dentro da sala de aula de uma universidade carioca, com um policial (estudante) e os estudantes. Esta aproximação da realidade empírica, e a discussão travada entre os estudantes demonstra a divisão em nome da paz que precisamente não está nas mãos da polícia. O policial negro, estudioso junto a um “bando” de desocupados sociais que o único que fazem é defender sua parte nessa torta “nojenta” que é a relação polícia-povo. Será que eles querem se comparar com o povo? Eu acho que não. E você apanhou da polícia? Não. Não me bateram. Na classe média a polícia não toca, mas os pobre a polícia mata. Por favor garotos não se comparem.

Desde dessa hipocresia entre os “rapaizinhos” da classe média carioca recriada no filme, e dessa idiotez humana que povoam o imaginário coletivo brasileiro, é que o filme serve para discutir e refletir sobre os valores e príncipios que ainda reinam na sociedade brasileira de hoje. Valerá a pena ser honesto?

Serve para relfetir sobre a vida e o ser humano morador de um favela carioca, mas não serve para pensar na construção de uma outra sociedade.

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Sabe por que? Por que mais uma vez o que fica depois da projeção desse filme é a dúvida imensa que deixou Cidade de Deus, esta sensação de impotência nacional e internacional de que o problema do narcotráfico e da criminalidade no Brasil não tem jeito. Nem com o “jeitinho brasileiro”. E mais, é melhor pensar que tudo se destruirá, por que construir uma nação desde desta perspectiva do terror é uma missão dada e não cumprida.

Questionar quando é que se gestiona esta nação indiferente e este Estado do Terror, é a tarefa dos nossos dias. Bom seria matéria para muitas teses, as quais se centrariam em encontrar uma ligacao quem sabe entre o Estado repressor e as minorias. Embora o filme deixe um gosto muito amargo na boca, penso que seria melhor que este material tivesse sido um documental por que a sensação que deixa um documento é que podemos reconstruir a memória coletiva.

No caso da ficção fica este sentimento contraposto , que estamos diante do imaginario, e no caso de Tropa de Elite, nenhuma imaginação pode ser mais potente que a realidade.

Ficha Técnica

Título Original: Tropa de Elite
Gênero: Ação
Tempo de Duração: 118 minutos
Ano de Lançamento (Brasil): 2007
Site Oficial:
Estúdio: Zazen Produções
Distribuição: Universal Pictures do Brasil / The Weinstein Company
Direção: José Padilha
Roteiro: Rodrigo Pimentel, Bráulio Mantovani e José Padilha
Produção: José Padilha e Marcos Prado
Música: Pedro Bromfman
Fotografia: Lula Carvalho
Desenho de Produção: Tulé Peak
Figurino: Cláudia Kopke
Edição: Daniel Rezende

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* Socióloga, residente no Chile.

eugeniadossantos@gmail.com

Addenda

1.- Se lee en Blog de cine:

El enorme éxito de la película Tropa de Elite tomó por sorpresa a unos cuantos en Brasil. Para empezar, porque no todos los días una película se convierte en un fenómeno de recaudación antes de su estreno.

Desde luego, el primer sorprendido debió ser el propio director, Jose Padilha —autor del excelente documental Bus 174–, quien seguramente jamás soñó ver pirateada su filme de tan mala manera. Se estima que, antes de su estreno, 11 millones y medio de espectadores habían visto el filme en copias piratas vendidas por «camelôs»; lo que obligó a Padilha a reeditar tanto el comienzo como el final de la historia.

Pero a pesar de la piratería, el filme ha batido todos los records de recaudación en las salas de cine. Réplicas no autorizadas de los protagonistas son vendidas en las calles y un encendido debate ha tomado las páginas de los diarios. Mientras la izquierda ataca la cinta, acusándola de fascista y de ser un alegato a favor de la tortura; la derecha reclama la supuesta poca fidelidad con que Padilha retrata las acciones de la policía.

La polémica ha trascendido las fronteras. The New York Times y BBC se han hecho eco de la controversia en sus páginas. Entre tanto, Harvey Weintein, de la distribuidora Wenstein Co., ha corrido a hacerse con los derechos de distribución en los Estados Unidos.

2.- En www.canaltcm.com, en setiembre de 2007 puede leerse:

Tropa de elite, sobre las fuerzas especiales de la policía de Rio de Janeiro (BOPE), aún no se ha podido ver en las salas brasileñas pero ya ha desatado la polémica: para algunos críticos es la mejor película del año en Brasil, según explican en The Guardian, parece que la policía ha tratado de evitar su estreno en los tribunales y se han vendido miles y miles de copias piratas de la película.

Es un retrato duro y extremadamente violento de parte de la sociedad carioca, una historia pegada a la realidad en la que también se habla de la corrupción en la policía, mostrando ejecuciones sumarias y torturas.

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