Requião defende mercado sul-americano como forma de fortalecer economias nacionais

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Surysur
O governador do estado brasileiro de Paraná, Roberto Requião defendeu a integração regional como forma de fortalecer as economias dos Estados e países do Mercosul. Segundo ele, a construção de um mercado sul-americano deixou de ser uma possibilidade de mercado para o empresário inteligente, para se tornar “imperativo categórico para sobrevivência de nossos povos”.

A criação de uma moeda própria, a redução das taxas de juros e o aumento do poder de compra dos trabalhadores foram sugeridos por Requião às autoridades públicas do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, presentes na solenidade de abertura do Encomex Mercosul, nesta quarta-feira (16), em Foz do Iguaçu.

A edição paranaense dos tradicionais encontros de comércio exterior é a primeira a reunir empresários e líderes, nacionais e internacionais. Para o governador, o evento possibilitará a realização de debates importantes sobre os rumos do bloco neste período pós-crise e deve desenvolver compromissos com as nacionalidades, convivências mais solidárias e fraternidade entre os países parceiros.

“Maravilhoso é que neste encontro podemos pensar em uma moeda latino-americana. Eu acho que o mundo hoje está diante de uma opção: ou lutamos pele nossa qualidade nacional, e isso vale para o Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, ou nós somos escravos do mercado”, destacou Requião.

“O mercado só tem uma linguagem, a do lucro, da manipulação de somas fantásticas com a velocidade da internet nas bolsas de valores. Quebra países, desemprega milhões de pessoas sem produzir um bem. Só tem compromisso com o dinheiro”, disse o governador.
“A nação é diferente, tem história. Tem o povo, vivendo ao mesmo tempo, em um mesmo território. A nação tem compromisso com as pessoas, com a aventura de vida de cada um. O mundo não pode continuar submetido ao domínio do mercado financeiro. Nós temos a oportunidade de fazer valer nosso processo civilizatório, histórico, cultural, como nações da América do Sul de uma forma solidária. Isto é possível”, completou Requião.

Requião lembrou que a crise mundial ainda não terminou, apesar de ter apresentado pequenas oscilações. Segundo o governador, não existem motivos para euforia ou desespero, mas são necessárias alterações importantes para a retomada de crescimento dos países. “No Brasil, nós estamos com uma taxa Selic de 8,75%, sem inflação. Nós medimos em Curitiba, na semana passada, e estamos em deflação. Países desenvolvidos, com inflação, diminuíram ou zeraram a taxa de juros para estimular a economia”, disse.
 
Outros pontos citados por Requião foram a criação e o desenvolvimento de políticas industriais e sociais, investimentos em ciência e tecnologia e financiamento do setor privado. O governador falou também da importância do poder de compra dos trabalhadores, principalmente aqueles das classes mais baixas. “A crise no Brasil só não é maior porque as classes C, D e E têm poder aquisitivo e estão sustentando um relativo crescimento econômico”, ressaltou.

 As experiências paranaenses no combate à crise foram citadas como exemplos de políticas públicas que funcionam. O governador Roberto Requião lembrou que enquanto a indústria brasileira cresceu aproximadamente 1,5% no mês de julho, o setor industrial do Paraná teve alta de 15,6%. A arrecadação do Estado também vai na contra-mão do restante do País e registra aumento de 8% em relação ao obtido no ano passado.

“Estamos apresentando agora os resultados de medidas acertadas. O Paraná tem o maior salário mínimo regional do Brasil. Aqui, deixamos de cobrar impostos das micro empresas e reduzimos para 2% a taxa das pequenas empresas. A conclusão é que temos a maior geração de empregos formais do País, em relação à população, e o maior crescimento de número de empresas novas, com uma taxa de mortalidade empresarial bem abaixo da nacional”, disse.

Cerca de 5 mil pessoas  participan do Encomex Mercosul  para discutir alternativas conjuntas, trocar experiências e aumentar a competitividade dos países sul-americanos no mercado mundial.

Participaram o prefeito de Foz do Iguaçu, Paulo Mac Donald; o secretário de Comércio Exterior do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Welber Barral; o assessor da subchefia de Assuntos Federativos da Presidência da República, Alberto Kleiman; o governador da província argentina de Santa Fé, Juan Binner; o diretor-geral da Itaipu, Jorge Samek; o vice-presidente de negócios internacionais e atacado do Banco do Brasil, Allan Toledo; o diretor do Sebrae-PR, Vitor Roberto Tioqueta; o diretor de negócios da Apex Brasil, Maurício Borges; o diretor do BRDE, José Moraes Neto; além de empresários e autoridades do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

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