Brasil: Cardápio único no banquete da Casa Grande

1.377

O banquete eleitoral que a direita oferece tem um prato único no cardápio: o retrocesso ao Brasil da Casa Grande. O que varia são sutis diferenças de tempero. Aécio e Marina se assemelham em quase tudo; por ora apenas se distinguem quanto ao padrão de virulência da campanha.

Aécio “venezueliza” a eleição. Com ódio, calúnias, guerra sem tréguas e ataques descontrolados, reproduz a maneira de fazer política da oposição fascista venezuelana. Quanto mais desmilinguida sua candidatura, mais e mais violentas as baixarias.

Já Marina se mimetiza de “nova política” na sua cruzada neoliberal. Um modelo menos hard que Aécio, mas nem por isso menos pernicioso.

A circunstância eleitoral com o desastre aéreo criou um curioso paradoxo. Aécio vocifera uma retórica lacerdista como louco, mas é Marina quem defende com radicalidade a agenda de retrocesso neoliberal.

Em todas as eleições presidenciais anteriores, os candidatos do PSDB se esmeravam em confundir e esconder da população o programa real que defendiam. Escamoteavam os objetivos concretos; exorcizavam a plataforma privatista, de Estado Mínimo e de submissão ao capital financeiro.

Marina, ao contrário [inclusive indo contra seu mimetismo], nessa eleição proclama as diretrizes do retrocesso. E, quando percebe o erro de cálculo eleitoral, se desdiz; publica uma “errata” – o errorex da “nova política”.

Seu realismo não é descuidado. Ela quer sinalizar para a classe dominante que é sua representante tanto ou mais que Aécio; que ela é expressão orgânica dos seus interesses. Perante o eleitorado, se coloca espertamente como alternativa ao PT e ao PSDB, porém suas propostas são inteiramente identificadas com o polo tucano dessa polarização. Por isso, muitos notáveis tucanos já “marinaram” sem titubear.

Na agitação eleitoral, Marina não somente busca legitimar a plataforma de retrocesso nos vários campos em que o Brasil avançou no período Lula e Dilma. Mas seu projeto propiciaria a retomada do neoliberalismo em condições excepcionalmente mais prejudiciais ao país: a independência do Banco Central é a principal tradução disso.

Assegurar na lei a independência do Banco Central significa a interdição do futuro do país e a blindagem institucional do Brasil. É uma medida que concede poderes extraordinários ao capital financeiro e retira dos eleitos o poder de definir estratégias de crescimento e desenvolvimento segundo os interesses da sociedade, e não dos banqueiros.

Mas não é só isso. Marina é um sortimento de retrocessos que interditam o futuro do Brasil.

Escanteia o pré-sal para retroceder ao regime de concessões e, assim, beneficiar as multinacionais para a exploração e lucro do petróleo em detrimento da saúde e da educação do povo brasileiro assegurados no atual regime de partilha.

Na política externa, defende a volta à condição colonizada do Brasil em relação à Europa e aos EUA, porque diagnostica que o “Mercosul não tem cumprido bem o desígnio original de constituir uma modalidade de ‘regionalismo aberto’”. No bom português das relações internacionais, “regionalismo aberto” significa a renúncia de uma política industrial, a renúncia à proteção da economia nacional e a abertura com livre concorrência com a competitividade europeia e norte-americana. O exemplo de país que cometeu essa maluquice é o México: uma economia hoje dominada pelo narcotráfico.

Aecio Neves
Aecio Neves

Se poderia ir longe na descrição dos retrocessos representados por Marina.Sua equipe direta de assessoramento dispensa, porém, tal trabalho: herdeira do Itaú porta-voz da independência do Banco Central; política econômica elaborada pelos economistas que arquitetaram o neoliberalismo no Brasil com FHC; pefelistas convertidos em fiadores do neosocialismo.

O Brasil é o banquete apetitoso que a Casa Grande quer se servir com um cardápio único. O Brasil que sempre foi tratado como seu, desde que foi descoberto, lá no longínquo ano de 1.500, não é a mesma Casa Grande em que a empregada doméstica tinha de submeter à escravidão e viver na Senzala porque, afinal, “podia” usar o mesmo sabonete que seus patrões.

Se alguma finalidade essa eleição pode ter, que seja para sepultar, definitivamente, a Casa Grande e sua mania escravocrata contra os pobres e a maioria do povo brasileiro.

É necessário fazer uma ampla campanha de consciência na sociedade brasileira para que Dilma vença não somente a eleição, mas a mistificação. O futuro do Brasil foi antecipado, já chegou; é agora.

También podría gustarte
Deja una respuesta

Su dirección de correo electrónico no será publicada.


El periodo de verificación de reCAPTCHA ha caducado. Por favor, recarga la página.

Este sitio usa Akismet para reducir el spam. Aprende cómo se procesan los datos de tus comentarios.